A museologia do MAO entende que seu papel preservacionista vai além dos limites físicos do museu. Por isso, tem se empenhado na realização de exposições itinerantes com peças da Reserva Técnica, compreendendo que esses espaços não devem ser apenas locais de armazenamento, mas sim ambientes dinâmicos, criativos e potentes para a extroversão do acervo e a captação de novos públicos.
Historicamente, os museus carregam barreiras simbólicas de acesso. Desde os gabinetes de curiosidades do século XVI, o acesso a objetos de memória e conhecimento era restrito a pequenos grupos. Mesmo após a Revolução Francesa, com a abertura dos museus ao público, esse acesso ainda era limitado a uma parcela muito específica da sociedade. Foi apenas a partir da década de 1980 que o campo da Museologia começou a entender que o fazer museológico deve ser realizado com a comunidade, e não apenas para a comunidade.
Ainda assim, dados do ICOM (Conselho Internacional de Museus), divulgados em 2020, apontam que a maioria dos visitantes de museus no Brasil se concentra entre 30 e 49 anos, com alto nível de escolaridade e, majoritariamente, brancos, localizados nas áreas centrais e mais ricas das cidades – especialmente na região Sudeste. Em Belo Horizonte, todos os grandes museus estão situados na área central, o que limita o acesso de populações periféricas por questões como transporte, horário de funcionamento e outras barreiras socioeconômicas.
Pensando em mitigar essas desigualdades, a museologia do MAO tem buscado alternativas para democratizar o acesso ao seu acervo. Um exemplo dessa atuação foi a exposição realizada no Centro Cultural São Geraldo, equipamento da Fundação Municipal de Cultura de Belo Horizonte, localizado na Regional Leste da cidade. A proposta é levarr, pelo menos em parte, o museu para territórios onde o acesso aos museus ainda é escasso, possibilitando novos diálogos com o público. Ações semelhantes têm sido realizadas também em escolas, unidades do SESI MG e instituições parceiras que compartilham do interesse pela valorização do patrimônio cultural.
Além das exposições externas, a museologia do MAO também tem promovido releituras do próprio acervo, ressignificando sua narrativa. A atual expografia do museu, concebida pelo museógrafo Pierre Catel e pela museóloga Célia Corsino, permanece moderna e aberta a múltiplas interpretações, mesmo após 20 anos. Recentemente, isso foi evidenciado na exposição “Faina”, realizada em parceria com os artistas Dalber Brito e Júlia Galo, em que obras da Reserva Récnica dialogaram com produções artísticas contemporâneas, oferecendo ao público novas perspectivas sobre esses objetos.
Por meio dessas ações, o museologia do MAO reafirma seu compromisso com a função social dos museus e com a valorização dos trabalhadores e trabalhadoras que constroem e sustentam o país com sua criatividade, força e saberes. A museologia do MAO busca constantemente ampliar o alcance e o significado de seu acervo, honrando sua missão de ser um espaço de memória, encontro e transformação.
Exposição de fotografias do MAO no Centro Cultural São Geraldo – Bairro São Geraldo – Zona Leste de BH:



Exposição em conjunto com os artistas Dabler Brito e Julia Gallo, estabelecendo diálogos entre suas obras e peças da Reserva Técnica do MAO


